Psicólogo aponta os motivos que fazem os jovens participarem do Jogo da Baleia Azul


Dr. Rafael aponta os motivos do interesse pelo jogo e o que os pais podem fazer diante do problema.


Após a morte de três adolescentes no Brasil, vítimas do desafio da Baleia Azul, os pais passaram a ficar atentos ao comportamento dos seus filhos. O que se torna difícil de entender, é o que leva esses jovens a participar de desafios macabros, colocando sua própria vida em risco. O psicólogo e psicanalista, Dr. Rafael Alexandre Prado explica tal comportamento.


“O jovem busca desafio, busca aquilo que vai dar emoção, vive pela emoção, ele está em busca de uma identidade, está em busca de um reconhecimento. As 50 etapas que o jogo traz, coloca esse jovem em constante descoberta, mesmo que na última etapa coloca-se a sua vida em jogo”, explica.


Mesmo com as idades de 16 e 18 anos, os participantes do Jogo da Baleia Azul, acabam se submetendo a condições de alto risco, segundo o psicólogo o jovem acaba sendo uma “presa fácil”, pois os desafios geram adrenalina, os incentivando a cumprir mais uma etapa do jogo.


Após pesquisas apontarem que a maioria dos participantes do jogo estão em um estado depressivo, mesmo sendo jovens o suicídio não é descartado. “As síndromes depressivas ocorrem em qualquer ciclo vital, nós temos também que pensar que há vários tipos de síndromes depressivas, desde leve à depressão maior, tem a questão da bipolaridade e os quadros depressivos maiores, que podem levar ao estado de suicídio. O suicídio não é algo apenas que ocorre no adulto, pode ocorrer em criança, em adolescentes, como essa febre do jogo da baleia azul”, afirma o psicólogo.


Os participantes do jogo, são desafiados por mentores, que destinam o horário e o tipo do desafio, para o Dr. Rafael, são pessoas inescrupulosas. “O jovem é uma vítima fácil dos meios de comunicação, das redes sociais e da internet. Pela curiosidade, pelo desejo de conhecer de estar se abrindo para o mundo, então se torna uma vítima de pessoas inescrupulosas, de pessoas que desejam ou tem um grau de crueldade de maldade”, disse.


Para o psicólogo o grande problema desses jovens é o relacionamento afetivo com os pais, que acabam não tendo a oportunidade de falar sobre seus sentimentos e seus anseios. “Mesmo para quem tem uma vida atarefada e corrida, é necessário refletir sobre os seus sentimentos e debater com o outro o que está sentindo”, explica o Dr. Rafael.


O psicólogo também alerta a privacidade, que os pais acabam dando para o filho muito cedo, fazendo com que o mesmo passe horas trancado em seu quarto na frente de um computador. “É muito estranho a pessoa apenas ficar trancada, isolada, frente à uma tela de computador. A grande questão é, será que os pais não estão dando muito cedo, um tablete, um celular, um notebook, ou um vídeo game para os filhos? A criança na primeira infância do zero aos cinco anos de idade, precisa brincar, precisa ter uma vida lúdica, será que o celular, o tablete ou o vídeo game permite uma vida lúdica na primeira infância”, questiona o psicólogo.


Para impedir esse isolamento do adolescente com a família, o psicólogo atenta à necessidade dos pais de se aproximarem dos seus filhos. “Se o pai e a mãe escutam o sentimento dos filhos, abre-se uma oportunidade para que ele tenha um espaço de discussão válido, saudável e que muitas vezes esses jogos não vão ser a grande diversão, a diversão vai ser a interlocução, a discussão dos sentimentos”, afirma.


Por: Bruna Ficagna

Fonte: Agência 98